retrato #001
Espichada e magra como um palito de churrasco, dava a impressão de que se podia alojá-la entre indicador e médio, girá-la entre os dedos. Era a única atendente da pequena filial do laboratório dentro do Instituto do Sono. Enquanto se paramentava (luvas, touca, jaleco, máscara e escudo facial), claramente recém-chegada, fui entrando na saleta dividida em dois cubos. “Sim? Sim?” — com voz de carrasca, claramente irritada. Pensei: “ah, então é assim que vai ser?”, e preparei as armas, fiquei de prontidão para ser agressivo. Disse que eu tinha um exame marcado. Ela respondeu que eu esperasse lá fora, porque havia pacientes na minha frente. Saí, sentei numa das muitas cadeiras da recepção. Ela atendeu uma mulher (conversaram bastante), e depois me chamou. Já havia assumido uma personagem diferente, mas não ouvi nenhum tom escusatório que indicasse consciência da agressividade anterior. Pediu as carteiras de identidade e do plano. Logo viu que o meu exame já estava registrado no sistema, e c...